As duas pessoas atrás do balcão desta Vinharia fazem anos em Abril, com quatro dias de diferença, por isso o sítio da festa estava escolhido há algum tempo, mesmo sem estar decidido se haveria festa. Das poucas vezes que falámos sobre isso, lembro-me de fazermos piadas sobre ter uma garrafeira, literalmente, à disposição para o efeito.
Entretanto, a vida como a conhecíamos mudou, mas os dias de aniversário são os mesmos, com mais ou menos razões para festejar, ainda que celebrar a vida possa e deva ser motivo de celebração.
Um de nós acha mais piada a festejar o aniversário do que o outro (vou deixar que adivinhem), mas ambos não abdicam de uma refeição em família, ou, pelo menos, de um brinde. Ou seja, em qualquer circunstância há sempre o desafio da escolha do vinho.
A primeira a fazer anos sou eu, por isso a escolha do vinho demora cinco minutos: Só preciso de saber o que vamos comer e perceber o que me apetece experimentar. Às vezes, e sobretudo numa fase como esta, de tantas incertezas, queremos ficar pelo que conhecemos, mas apeteceu-me beber um vinho que não conhecia (fazer prova de um vinho não é conhecê-lo), por isso escolhi o Bela Luz.
O vinho tem este nome por causa da planta, vulgarmente conhecida como tomilho, que cresce na vinha, e o aroma é tão entusiasmante que só podemos pensar que estamos a ser influenciados pelo nome. Mas depois começamos a beber e sentimos que tudo está onde deve estar. Mesmo os arco-íris nas janelas e varandas da cidade!
Calita
