Temos uma brincadeira lá em casa que é cada um de nós identificar o seu superpoder. Seria de esperar que uma vez identificado vivêssemos para sempre com o mesmo, mas não é bem assim - a brincadeira é nossa, logo as regras também são nossas (aprende-se tanto com as crianças!).
Pelo que percebi temos um em comum, usado quase sempre nos momentos mais desafiantes das viagens, que é Nunca Desistir. Depois, cada um de nós escolhe o seu individual. Muitas vezes digo que o meu superpoder é ler mentes e, apesar de ser fácil provar que não tenho essa capacidade, é bonito de se ver aquele breve momento de pânico nas caras deles.
Isto tudo para dizer que eu tenho mesmo um superpoder. Sei sempre quando estou a provar, ou a assistir a uma coisa rara.
Oh, isso é não é um superpoder, qualquer pessoa consegue fazer o mesmo, estão muitos de vocês a pensar, ou a dizer em voz alta. Certíssimo! Mas sou eu quem está a escrever sobre isso.
Tem tudo a ver com a história à volta dos produtos, ou dos acontecimentos, mas não só. Tem a ver com uma emoção difícil de conter no momento em que estou a provar um novo vinho, ou uma nova receita, a ouvir uma música pela primeira vez, ou a assistir a um bailado. Foi assim com o vinho XXVI Talhas, foi assim também no Simplesmente Vinho com o Lisboa Castelão e, antes disso, com o queijo da Quinta da Pegadinha. É sobre esse queijo que quero falar.
Aqui ao lado, em Barcelos, há uma quinta familiar que desde sempre teve preocupações com a sustentabilidade ambiental e a melhoria de vida das populações rurais. Há uns anos decidiu começar a fazer o seu próprio queijo artesanal e para isso plantou um campo de girassóis para alimentar as vacas da quinta. Filipe, um jovem de 26 anos, que trabalha com o pai garante que sabe de que vaca saiu o leite para cada um dos queijos e tem-se dedicado a encontrar a melhor receita e a melhor cura para cada um deles.
Por isso, abrir um queijo da Quinta da Pegadinha, recheado de pinhões, é por si só um momento bonito, mas prová-lo, lá está, é confirmar o encontro com um desses raros momentos.
Calita
