TUA VINHARIA
 
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O vinho sempre esteve na moda

Não, o vinho não está na moda, sempre esteve. Não, não precisamos de ser todos sommeliers para desfrutar do vinho. O que está na moda é ter uma marca de vinho. E, nunca é demais lembrar, acabamos sempre por voltar aos clássicos. Estas são algumas das conclusões que podemos retirar da Tertúlia organizada pela Tua Vinharia, no passado Sábado.

No nosso país o vinho sempre esteve na moda, pão e vinho sobre a mesa faz parte da nossa identidade, mas muitas coisas mudaram nos últimos anos. Há cada vez mais produtores a fazer bom vinho e novas gerações a querer levar mais longe os negócios familiares. Do outro lado, os consumidores têm-se mostrado cada vez mais interessados em conhecer os vinhos portugueses, ainda que não tanto como os estrangeiros.

O fenómeno, chamemos-lhe assim, do crescimento de wine bars, dos menus de degustação com vinhos, das publicações dedicadas ao tema provam esse interesse crescente e por isso, no âmbito do evento Há + Vinho na Póvoa, a Tua Vinharia quis levantar a questão: O vinho está na moda?

O vinho está associado a um certo bem-estar, convívio e prazer, por isso pode dizer-se que sempre esteve na moda. ‘’Eu acho que o que está agora na moda é ter uma marca, não é necessariamente o vinho, mas ter uma marca de vinho’’, refere Maria Viera de Sousa, uma das convidadas para a Tertúlia.

Ricardo Garrido, dos vinhos Tubarão, considera que no Velho Mundo o vinho sempre foi moda, agora temos é outras preocupações, como a alimentação e o clima, por exemplo, e o vinho acaba por seguir essas tendências. ‘’Seja como for’’, acrescentou, ‘’como consumidor dou por mim a voltar sempre aos clássicos, esses nunca falham’’. Uma ideia partilhada por todos os produtores presentes, que, curiosamente, não se cansam de fazer experiências, desde os pet nat das masseiras (Tubarão), aos monocastas pouco habituais, como a Tinta Franscisa e o Rufete (Viera de Sousa), passando pelos aromatizados com lúpulo, de curtimenta, ou mistura de castas pouco habitual, como Jaen, alicante-bouchet e Arinto (Quinta de Tourais). Todos em pequenas quantidades.

Já para Kiko Calvo, produtor espanhol dos vinhos Bigardo, que também decidiu fazer vinhos diferentes dos que se faziam em Toro, isto é, experimentais e feitos à mão, com a Tinta de Toro (não tempranillo!), não faz sentido engarrafar só 500 garrafas de um vinho. Mas, em Portugal, essa tendência serve não só para o deleite dos produtores que têm uma variedade enorme de castas para explorar, como para os consumidores que andam sempre à procura de novidades.

 

Há um vinho do Porto para toda a gente

A forma como o vinho se apresenta não escapa a estas mudanças. Os rótulos são cada vez mais apelativos, também porque a evolução tecnológica assim o permite, e contam quase sempre uma história.

Não há de ser por acaso que ali estavam marcas que se fazem representar por touros e tubarões e que investem em rótulos apelativos e diferenciadores. Como explica Kiko, ‘’o primeiro contacto com o vinho é o rótulo. Eu pensei muito como fazê-lo, porque quando comecei ninguém me conhecia, era preciso mostrar no rótulo que tipo de vinho podiam esperar’’.

Também Liliana e Fernando, da Quinta de Tourais, e Ricardo do projecto Tubarão, apostam em rótulos minimalistas, porque é bem mais fácil mostrar de que vinho estamos a falar com uma imagem, do que com notas de prova, ‘’que muitas vezes nem correspondem à verdade’’, esclarece Fernando Coelho. ‘’Sim, nunca vou entender isso, porque razão temos de escrever as castas do vinho nos rótulos? Isso não interessa para nada, parece que toda a gente tem de ser sommelier, agora!’’, acrescenta Kiko.

O rótulo mais clássico na mesa era o Porto Vintage, da Vieira de Sousa, precisamente por ser uma casa que faz Vinho do Porto. ‘’Achámos que fazia sentido ter um rótulo sóbrio e mais clássico, associado à nossa marca, por produzirmos Vinho do Porto’’, esclarece Maria Viera de Sousa.

E já que estamos a falar de Vinho do Porto, convém dizer que não se tem verificado um aumento de consumo neste tipo de vinho, em Portugal. Isto acontece, segundo a produtora, muito porque as pessoas ainda associam o Vinho do Porto a um vinho que era aberto no Natal, e bebido ao longo do ano, sem grande qualidade.

Por isso, neste caso, é preciso um esforço ainda maior para levar as pessoas a consumir este tipo de vinho, porque Maria não tem dúvidas: ‘’Há um Vinho do Porto para toda a gente, cada pessoa só tem de encontrar o seu tipo. Pode demorar, mas vai de certeza encontrá-lo’’.

O que também é uma certeza é que o mundo dos vinhos é fascinante e, como diz Fernando, ‘’Quanto mais sabes de vinho, mais queres saber e quanto mais bebes, mais queres beber’’. Amém.

 

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