TUA VINHARIA
 
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Blind date with a wine

Derivado a várias questões, que não importa explanar agora, tenho pensado no que significa beber vinho e na relação entre apreciar esta bebida e tê-la como meio de ganhar a vida.

Eu gosto de vinho, mas não gosto particularmente de o vender, fica aqui o disclaimer. Aliás, tirando os bons momentos passados à volta da mesa, com amigos e familiares, há poucos mais rituais que aprecio neste mundo tão, aparentemente, glamouroso e apetecível. O Jaime, acho que posso dizê-lo com toda a segurança, está comigo nesta relação com o vinho, a diferença é que ele, como pessoa do marketing, também aprecia vendê-lo.

Então, como tenho andado a pensar neste tema, fui à estante dos livros, isto é, a um canto da prateleira do armazém, que é onde estão os nossos livros, quando não andam espalhados pela vinharia, procurar a relíquia do início do século XX, que é o livro de Samuel Maia, ‘’O Vinho – Propriedades e Aplicações’’.

Já temos esse livro há muito tempo, oferecido por um alfarrabista, mas só agora me deliciei com as conclusões do congresso de médicos em Béziers e Lausanne, no início dos anos 30, do século passado, dedicado ao tema que dá nome ao título do livro. Só um exemplo: ‘’O homem é o único animal da criação que usa bebidas fermentadas; é também o único animal que raciocina. Não será abusivo pensar que as duas excepções se relacionam’’. É impossível não soltar uma gargalhada, certo? Ou um sorriso, vá!

Ora, não sendo médica, nem entendida na ciência da bromatologia, não tenho como saber se o vinho, e outras bebidas fermentadas, influenciam a nossa inteligência, mas não estarei a cometer qualquer erro, acho, se disser que o vinho tem um certo papel na criatividade.

Isto tudo para dizer que é por gostarmos de vinho e por (um de nós) gostar de o vender que estamos sempre à procura de novidades e formas diferenciadoras de apresentá-las.

A mais recente é o novo Blind Date with a Wine e posso dizê-lo, sem falsa modéstia, que é uma belíssima ideia, até porque não fomos nós que a inventamos só a adaptamos, depois de vermos a prenda que o Sebatião trouxe de Amesterdão, para a Bea.

[Vou fazer aqui um parênteses para explicar que não é costume sabermos as prendas que ela recebe do namorado, acontece que ela esteve de férias connosco, quando ele fez essa viagem, e nós sugerimos que era boa ideia ela levar-lhe uma fisga de presente]

Era um livro embrulhado em papel craft com pistas sobre o tema e uma etiqueta a dizer ‘’Blind date with a book’’. Ou seja, a pessoa que o compra não sabe de que livro se trata, apenas escolhe pelos temas que lhe possam agradar, ou à pessoa a quem vai oferecer o livro. A Bea adorou, partilhou fotos connosco e nós olhámos um para o outro e dissemos e se…

Pois, meu dito meu feito, no dia seguinte estávamos a pedir-lhe para desenhar o logotipo, procurámos o papel certo, andámos às voltas com diferentes tipo de embrulhos, definimos as pistas associadas a cada um dos vinhos e cá estão, para quem tiver coragem de arriscar.

Calita

2023 Outubro 24

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