TUA VINHARIA
 
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É Natal. E é vinho.

Quando lançámos o nosso site atrelamos um blogue para, de quando em vez, escrevinhar umas coisas mais pessoais. Ilações, deduções, motivações. Coisas. Lá vamos fazendo a lista dos nossos vinhos preferidos a cada ano, escrevemos sobre visitas que fazemos, sobre eventos que organizamos, sobre pessoas que conhecemos e também, infelizmente, sobre pessoas que nos deixam. Em 2020 pedimos sugestão a vários produtores para os vinhos de Natal. Mais precisamente vinho para fazer companhia ao bacalhau.

Nunca escrevemos muito mais sobre o Natal. Em termos profissionais, não é a nossa altura do ano preferida. Claro que facturamos mais do que em muitos (todos?) outros meses e alivia a tesouraria e mais não sei o quê. Mas nós gostamos de vender vinho pelo vinho, não pelos embrulhos, cabazes, estojos, laços e lacinhos e embrulhos bonitinhos.

Percebo a magia, mas não percebo o exagero e o descuido em gastar tanto com tanto cuidado. Os nossos embrulhos preferidos são os da imagem deste texto. Uma garrafa embrulhada em papel jornal, atada com fio que resgatamos numa loja de tecidos e cartolina transformada em estrela ou pinheirinho pela nossa própria mão. Claro que nem sugerimos esse embrulho aos clientes. Há muitos que perante uma bela caixa de madeira, ou um estojo impecável (como os de Tourais, por exemplo) ainda pedem o embrulho tradicional… e nós, claro, fazemos. Com gosto e carinho.

Este ano temos ainda a trapalhice do Natal Mundial do Catar que nos põe a olhar para a bola enquanto procuramos que os dedos façam o laçarote a rigor e do outro lado da rua alguém grita golo enquanto entram mais dois a barafustar com a chuva, o vento e o preço do azeite.

Modéstia à parte, comme d'habitude, temos prendinhas bem bonitas e enfeites à maneira. Mas o que gostamos mesmo é de explicar e sugerir o que lá vai dentro. E as perguntas, nesta época, multiplicam-se porque “é um presente para alguém que não conheço bem”, “porque é para o jantar da empresa”, “porque é para o amigo secreto” ou, medo, “é para o sogro. É a primeira vez que lhe ofereço alguma coisa”.

E a tal questão: o que deve ir à mesa de Natal?. Obviamente que deve ir algo que nos agrade. A minha sugestão, já que a pediram, é que levem um vinho já vosso conhecido. É uma altura em que procuramos o convívio com as pessoas de quem mais gostamos e por isso devemos fazer o mesmo com o vinho. As surpresas ficam para o momento de desembrulhar os presentes.

Se é branco ou tinto, é outro problema que só vocês devem decidir. O fiel amigo não é esquisito e vai bem com tintos e brancos. Depois há, quando há, polvo, mariscos, leitão, cabrito e tamanha legião de doçaria que dá perfeitamente para beber (com moderação) brancos, tintos, rosés, palhetes, claretes, curtimentas, espumantes, porto e mais uma aguardente para ajudar na digestão.

Não deixem de ser felizes.

Jaime

 

2022 Dezembro 14

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