TUA VINHARIA
 
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Os vinhos da N2

Fizemos a N2 de Chaves a Faro no início de Setembro. Foram as férias que escolhemos para este ano. Adoro conduzir e gostamos de road trips. Equacionámos a autocaravana mas decidimos ir na nossa pequena viatura acreditando que ainda temos idade para acampar e que o sol iria ser sempre a nossa companhia. Não foi e a chuva obrigou, felizmente, a mais cama e colchão do que inicialmente previsto.

Decidimos fazer a viagem sem desvios e sem paragens para visitar amigos, vinhas ou adegas. Logo à chegada a Chaves vimos a Quinta de Arcossó e custou-nos não ir lá ver como corriam as vindimas ao Amílcar. Mas a ideia era não parar e não pensar em trabalho. Passaríamos pela região de Trás-os-Montes, Douro, Dão, Bairrada, Beiras, Tejo, Alentejo e Algarve. Ou seja, se fosse para visitar quem conhecemos, e quem queremos conhecer, seriam necessários vários meses de viagem. E os miúdos ainda não bebem pelo que o interesse pelo mundo dos vinhos ainda não contaminou, por completo, todos os indivíduos da família.

A paisagem ao longo da viagem sofre mutações incríveis, tal como os traços e a pronúncia das gentes. Uma tentação gastronómica constante que começa em Chaves nem que seja num simples pastel e que termina em cataplanas de marisco no Algarve. Já agora um pastel de chaves em Chaves numa das pastelarias mais afamadas, e que consta em todos os guias turísticos, é mais barato do que qualquer pastel de chaves ultracongelado e colocado à pressa na montra das melhores pastelarias do Porto, Lisboa e bem… Póvoa de Varzim.

Em Chaves, começámos por beber água. Água da Fonte do Povo que sai directa para o copo a 70ºC. Ao jantar decidimos beber um Tinta Amarela de Trás-os-Montes (não interessa a marca) que não nos deixou rendidos até pela comparação com o Tinta Amarela de Arcossó.

A caminho de Lamego ficámos aterrorizados, ao passar por Vila Pouca de Aguiar, com as visíveis consequências dos incêndios. O cheiro a terra queimada e a ausência de verde sobrepôs-se à pena de não visitar tanta gente boa pelo caminho, sobretudo entre Vila Real e Lamego. Muitos hectares de vinha e sorrisos dos bons para reencontrar.

Em Lamego subimos 686 degraus do santuário (os rapazes em metade do tempo) e na descida aproveitámos a festa da Nossa Senhora dos Remédios para esplanar e beber espumante de produtor local. São dois copos? Perguntaram. Não. É uma garrafa, por favor. Gostámos do Pinot Noir e já nem fomos visitar as caves Raposeira. Vamos tentar ter esse espumante por cá.

A região do Dão foi o desafio seguinte. A visita prometida à Quinta de Reis ficará para outra altura, tal como à Quinta de Lemos, por onde passámos tão perto, antes de chegar a Tondela.

Pernoitámos em Santa Comba Dão e deixamos a escolha do vinho nas mãos do “chef”. Bebemos um reserva de marca bem conhecida do Dão que já não bebíamos há muito. Nem bom, nem mau. Começamos a perceber que estamos a ficar esquisitos nisto de beber vinho.

Antes do Alentejo parámos em Góis, magnífica terrinha, e não sabíamos ao certo em que região (vinícola) estávamos. O dono do restaurante onde fomos comer chanfana disse que podíamos decidir entre várias que estaríamos sempre certos. Escolhemos um Dão que não conhecíamos e que iremos tentar ter na Tua Vinharia. À noite fizemos a vontade aos miúdos e fomos à pizzaria local. Bebemos espumante da Bairrada. Voltaremos a Góis, claro, e nas próximas visitas beberemos Beira, Tejo e/ou Alentejo.

Depois de passar a Serra da Lousã recebemos a companhia do sol e na Sertã reencontrámos o marunho e o bucho, além de sopa de peixe deliciosa. Já que estávamos em modo reencontros pedimos um rosé que conhecia mas não bebia há muito tempo. Em breve poderão encontrá-lo na Tua Vinharia.

Siga para Montargil e para o primeiro piquenique a assistir ao por-do-sol com vinho comprado em supermercado local que não deixou saudade. Em Mora almoçámos num restaurante onde além de vinhos verdes (3) toda a carta era de vinhos alentejanos. Apreciámos o orgulho e bebemos um vinho da vinha mais próxima do restaurante. Nós e as nossas manias de provar o que é local.

A caminho de Castro Verde parámos em Aljustrel. No restaurante de domingo, que entrámos quase à sorte, bebemos o vinho da casa. Impecável. De Portel, sem marca sem nada. À noite voltámos ao piquenique com um rosé nosso conhecido. Do Alentejo, claro.

A paragem seguinte foi já em Faro onde terminámos os 738,5 kms da N2 sendo que os últimos 500 metros foram feitos a pé. Depois, com a depressão Danielle a comandar destinos e a forçar o cancelamento da travessia para a Armona, almoçámos em Olhão uma cataplana enquanto os rapazes tiveram o extra prometido no início: Burguer King sozinhos no carro. A cataplana de marisco estava excelente e acompanhámos com um arinto do Algarve.

Entretanto, comprámos quatro vinhos do Algarve que bebemos nos dias seguintes. O primeiro logo ao jantar, já em Odeceixe (o mau tempo foi-nos arrastando para norte). Já na Póvoa provámos e aprovámos os outros que em breve também estarão na Tua Vinharia.

Não visitámos ninguém. Era o propósito. Férias em road trip a quatro. Fizemos coisas espantosas como por exemplo assistir a um jogo de futebol no Municipal de Chaves. Ou os banhos em Góis entre as pausas da chuva. Ou…

Enfim. A próxima viagem na N2 é para visitar um produtor de vinhos em cada paragem. Quem alinha?

Jaime

2022 Setembro 23

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