TUA VINHARIA
 
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O prazer do vinho

Desde que estou a trabalhar na TUA Vinharia tenho pensado se as pessoas que trabalham com vinho não acabam por perder o prazer de o beber com tantas provas, explicações e variações sobre o assunto. 

Porque, uma coisa é fazer provas a meio da tarde, despejar um ninquinho de vinho no copo, rodar, cheirar, rodar, cheirar, bebericar, deixar o vinho circular à volta da língua, sentir a acidez nas laterais traseiras, o frio nos dentes e, às vezes, o umami no centro da língua. Outra coisa é beber o Turra com o arroz de cabidela da D. Alice do Café do Seixo, o Espumante Tinto da Quinta dos Termos com um leitão do Manjar (eu sei que não é nada bonito comer porcos bebés, juro), ou o Maçanita Sousão com os rojões da minha mãe.

E estava nisto, a pensar e a divagar, quando entrou o Jorge dos vinhos Conde da Anadia com quatro garrafas para provarmos. Como já se percebeu, provas de vinho é coisa que não me entusiasma, mas quando me apresentam um blanc de noir do Luís Leocádio, 100 por cento Touriga Nacional, completamente translúcido,  é impossível ficar indiferente. Sobretudo quando, de olhos fechados, passaria por um bom tinto, tanto no nariz como na boca. 

Lá volto a rodar o vinho no copo, a cheirar e a rodopiar a translucidez do líquido na boca, enquanto falamos sobre as técnicas que permitem o vinho ter esta não cor - colher as uvas na maturação certa, prensá-las muito ligeiramente após o desengace total e deixar a fermentação, com controle de temperatura, fazer o resto -, e penso que trabalhar com vinho, afinal, também pode ser bastante prazenteiro.

Calita

2019 Novembro 21

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