Nós, além de sugerir vinhos, gostamos de fazer muitas coisas juntos, coisa que não é assim tão comum, entre casais, como seria de esperar. Gostamos de viajar com os nossos filhos, de caminhar na montanha, ver filmes, dormir em hotéis e descobrir bons restaurantes em sítios inesperados. Gostamos muito de comer e beber juntos e, ainda que não gostemos das mesmas comidas, gostamos (quase) sempre do mesmo vinho.
Portanto, trabalharmos juntos num negócio de vinho era a escolha óbvia e durante algum tempo gostei de imaginar que éramos um daqueles casais como Vieira da Silva e Arpad Szenes, Margarida Cordeiro e António Reis, ou Helena Almeida e Artur Rosa.
Gostamos (quase) sempre do mesmo vinho, gostamos de fazer muitas coisas juntos e gostamos (muitas vezes) de trabalhar juntos, mas não tem sido fácil. Lembro-me de dizer ao Jaime (tão nitidamente que se olhar por cima do ombro acho que me ouço a dizê-lo, ali em frente aos vinhos da Beira Interior) – Vamos em frente, mas temos de fazer tudo para continuar aqui nos próximos dois anos e só depois avaliamos se vale a pena continuar!
Eu não tinha como adivinhar que íamos viver uma pandemia, que íamos recuar numas quantas iniciativas, mudar o horário dezenas de vezes e que nos íamos chatear outras tantas.
Mas também não sabia que ia conhecer tanta gente interessante, aprender tanto sobre o vinho, passar a beber mais branco do que tinto, conhecer e dar a conhecer histórias que mostram que do vinho podem nascer muitas coisas bonitas.
Daqui a duas semanas completamos dois anos de Tua Vinharia e continuamos a gostar (quase) sempre do mesmo vinho.
Calita
