Mais um ano de Tua Vinharia. Estamos cá, afinal, apesar das dúvidas do Jaime, que eram também as minhas. Até a nossa videira, que sempre me pareceu mágica, está com dúvidas. É certo que voltou a crescer, apesar do atraso no abrolhamento, mas está menos viçosa e sem grande vontade de trepar.
E a vontade é tudo, como sabemos. Lembro-me perfeitamente, e há que enfatizar o perfeitamente, porque o meu cérebro não é o mesmo de há quatro anos, de termos decidido abrir a Vinharia com o acordo de que teríamos de nos aguentar três anos, acontecesse o que acontecesse. Aconteceu uma pandemia e uma guerra na Europa e nós aguentámo-nos. A vontade é tudo.
Só que às vezes, só às vezes, ouvimo-nos a dizer: estou farta(o) disto. Pagar salários é muito diferente de receber salários. Ter uma oferta de produtos diferenciadores não se reflecte em mais vendas. Trazer à Póvoa de Varzim uma nova forma de entender o vinho dá muito trabalho (e algumas dores de cabeça). Mas não é disso que quero falar. Estes quatro anos têm mais razões para festejar do que para lamuriar. Vou só evidenciar quatro, tantas quantos os anos que fazemos:
1- A primeira prova de vinhos na Vinharia, em Outubro de 2019, foi absolutamente memorável, e não, não foi por ter sido a primeira, mas por termos reunido aqui seis produtores de diferentes regiões, que vieram dar a provar vinhos da casta Encruzado. Nessa altura ainda não tínhamos este site e por isso, infelizmente, não há registos, mas sei de cor quais foram os vinhos que estiveram à prova: Caminhos Cruzados Passado de 2015, Titular, Vinha de Reis, Página, Vinha das Neves, Ribeiro Santo, Casa Mouraz e Carvalhão Torto.
2- O Há Vinho na Póvoa. Além do tremendo orgulho por ter contribuído para que este evento se realizasse (e fico muitas vezes estupefacta com o que conseguimos fazer), não posso deixar de referir que foi graças ao Há Vinho na Póvoa que se juntaram pessoas únicas nesta cidade, que houve uma mobilização de diferentes espaços da cidade à volta do vinho e que a Póvoa de Varzim ocupou mais algum espaço de antena.
3- As montras. Ao longo destes quatros anos já perdi a conta a quantos projectos emprestámos a nossa montra com justa causa, como ficou conhecida. Sei que na primeira usámos os brinquedos da Oficina do Alfredo e na última os globos terrestres da Maria Carolina. Pelo meio passaram os sacos da Branco Chá, as relíquias da Cata Vento e da Ontem, os acessórios da Mi Mitrika e da BAMBOO, as t-shirts No Chorus e os trabalhos da Loja das Caricaturas, entre outras.
4- Os encontros marcados, ou casuais, são talvez a nossa grande motivação. Sejam grupos à volta da mesa, a beber e a comer, ou a tricotar; músicos que actuam nos concertos do Carlos Fortes, ou do Sebastião com a nossa Bea e produtores que vêm fazer provas, pode-se dizer que a Vinharia é (muitas vezes) uma festa!
Se descontarmos os dois anos da pandemia (alguém ainda se lembra?), falta um ano para cumprirmos o acordo inicial. A vontade é tudo.
Calita
